27 de fev. de 2012

Refugiados

Eles vêm de Haifa, de Netanya, de Khadera, da região do Lago Tiberias, de toda a parte do que hoje é Israel. Ontem acabei conhecendo um pouco mais sobre suas vidas e sobre o que é morar com milhares de outras pessoas em uma região que não tem mais de 1 km² de área, com condições de vida que muito se assemelham a das favelas brasileiras em termos de infraestrutura.

Tulkarm tem dois campos de refugiados (Tulkarm e Nur Shams), onde moram 27.000 pessoas. São compostos, basicamente, por filhos ou netos de pessoas que tiveram que deixar suas casas em função das ondas migratórias judaicas e posterior ocupação do território palestino, notadamente entre os anos de 1946 e 1948. Hoje, segundo dados da UNRWA, os refugiados palestinos somam 5 milhões de pessoas (http://www.unrwa.org/etemplate.php?id=86). Isso é mais do que a própria população palestina efetivamente vivendo por aqui, que chega a 4,2 milhões, conforme dados do Banco Mundial (http://search.worldbank.org/data?qterm=palestine&language=EN).

Para eles, essa diáspora é conhecida como Al Nakba, algo que poderia ser traduzido como “A catástrofe”, e é evidente o impacto que tal fato teve sobre suas vidas. Indivíduos sem qualquer relação com o conflito que se impunha entre Israel e seus vizinhos árabes viram-se obrigados a deixar suas terras para trás, abandonando suas famílias e deixando uma longa história nas suas vilas e cidades de origem.

Essas pessoas sonham, obviamente, em voltar pra casa, ou, o que é mais comum, conseguir um outro passaporte, senão o jordaniano, que lhes possa dar uma chance de uma vida melhor (EUA, Reino Unido, o que seja). Por outro lado, conforme ouvimos de um soldado israelense hoje de manhã, as pessoas que ali moram são simplesmente “perigosas” e temos que “tomar cuidado”.

Não sei se vão conseguir retornar um dia, mas muitos desses refugiados ainda guardam consigo a chave de suas antigas residências. Diversos deles, ainda, vão às universidades locais e sonham alto, como alguns dos jovens que a gente recebe nos nossos grupos de discussão, buscando, dessa forma, criar alternativas que lhes permitam levar uma vida melhor.

Enfim, hoje não me sinto muito bem com minha escrita. Talvez algumas fotos ajudem a clarear um pouco mais as coisas.

Ah, um dos prédios daqui tem uma bandeira do Brasil. Não sei o porquê, mas provável que seja uma homenagem ao Daniel Alves :D

 

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